Assinado: Do teu pai imperfeito, Wiliam.

É assim que ele costuma assinar as mensagens que publica para seu filho Guilherme, em uma página dedicada a ele no Facebook.

Força, Gui é o que todos costumavam dizer para o ainda menino de 21 anos que lutava, mais uma vez, contra um câncer. Mas Guilherme era forte, não gostava de falar com ninguém sobre a doença e quando perguntavam como estava, só abria um sorriso de ponta a ponta respondendo:

– Estou bem!

Era o filho e melhor amigo de Wiliam. Foi o pai que o ensinou a nadar, a jogar bola, a gostar de música pura e até a difícil tarefa de decorar a tabuada.

Quando foi diagnosticado, seus pais insistiam em falar que…

– Agora tudo será conjugado na primeira pessoa do plural. Nós estamos com câncer. Nós vamos lutar contra ele. E nós vamos vencê-lo!

Enquanto os três (pais e filho) ficavam internados no hospital, a página na rede social era preenchida com mensagens de amor, de orações e de uma esperança nunca ainda vista em um lugar virtual.

Um dia, Wiliam e Guilherme perceberam que muitos parentes das pessoas que ficavam internadas no hospital não tinham onde ficar. Muitos acompanhantes esperavam o tratamento sentados nas calçadas e nas cadeiras das salas de espera. Foi então que os dois tiveram uma ideia:

-Vamos montar um instituto para abrigar, de graça, cada uma dessas pessoas.

Depois de alguns meses, a música de Guilherme estava a ponto de terminar. Ele fez o pai jurar que o projeto sairia do papel…

– Nosso sonho vai virar realidade, filho.

Aquelas seriam as últimas palavras que Gui ouviria antes de descansar.

Com toda a força do mundo, Wiliam compartilhou com todos no “Força Gui” a triste notícia. Não teve um que não se emocionasse com a garra tão grande do pai. Todos, naquele momento, também conjugavam o verbo amar na primeira pessoa do plural.

– Não te tenho aqui fisicamente, meu filho, mas te abraço com o coração e em todas as orações que faço peço para Deus nos proteger até o nosso reencontro. E ah, meu filho! Nosso sonho virou realidade. O Instituto Força Gui já atendeu mais de 150 pessoas e não param de chegar voluntários para nos ajudar. Ainda sou um pai imperfeito, só não fui mais, porque você me ensinou muito. Me ensinou como bem sofrer e como viver com alegria independente de qualquer sofrimento. Nossa música nunca vai parar de tocar. Nós vencemos. Obrigado! Assinado: Do teu pai imperfeito.

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Foto: Arquivo pessoal