Antes dos meus pais se casarem, minha mãe achou um frasco de perfume na rua. Ela, então, pediu ao pai:
– Nossa filha pode ter esse nome?
Durante sua gestação, minha mãe andava para lá e para cá. Teve uma gravidez mais difícil do que a primeira do meu irmão, principalmente, pelo inchaço que teve em todo seu corpo. E, então, pediu a Deus:
– Que ela venha com saúde!
Quando fiquei “mocinha”, ainda muito nova, pedi para ela:
– Mãe, posso continuar sendo criança?
Aos 15, em plena rebeldia da adolescência, ela sussurrava a Deus:
– A proteja de todo mal.
Aos 17, na conquista do meu primeiro emprego, e com medo do que viria pela frente, pedi a ela:
– Me dá um conselho?
Na primeira desilusão amorosa, ela pediu para mim:
– Chora, porque chorar alivia, e tudo acontece no tempo de Deus. Lembre-se sempre disso.
Ao me formar na faculdade, pedi a ela que…
– Esteja sempre nos momentos mais importantes da minha vida e aqueles não tão importantes também.
Aos 21, depois de perder um grande amigo, a ouvi dizendo ao meu pai:
– Se pudesse sentiria toda dor no lugar dela.
Aos 25, ela teve um sonho com algumas borboletas. Borboletas significam transformações. E ai, pedi a ela:
– Posso ser uma borboleta também? Porque eu já me transformei.
Ela, então, com seus olhos de interrogação, perguntou:
– Mas se transformou em que? Fala.
– Em mãe.
Em seguida, minha mãe olhou para mim com quem dissesse:
– Que venha com saúde e que Deus os proteja de todo mal. Tudo acontece no tempo certo e estarei sempre ao lado de vocês. Em todos os momentos. E se pudesse, sentiria toda dor da ansiedade e dos enjoos por vocês!
E, eu, então, passei a mão na minha barriga e falei do jeito mais calmo e amoroso:
– Filha, posso te dar um conselho? Não tenha pressa! Estamos cuidando de tudo com muito amor para te receber. Prometo ser uma mãe maravilhosa e tão cheia de luz quanto sua vó foi, é e sempre será para mim. Acho que agora estou começando a entender o quanto ela sempre me amou!